

A Associação Beneficente Cristã tem realizado, nos últimos anos campanhas de assistência às vítimas da seca no sertão nordestino. São programas chamados de S.O.S. Nordeste.
Estas campanhas consistem em uma ampla divulgação na mídia e de convites à população em geral para que doe alimentos não perecíveis e roupas, levando-os aos templos da Igreja Universal espalhados em todo o Brasil. Cabe, então, aos membros voluntários da igreja selecionar e embalar as doações em cestas básicas, distribuindo-as às populações mais carentes das regiões atingidas pela seca.
Esse programa, no entanto, é de caráter emergencial, com benefícios apenas temporários: minora os efeitos da seca, mas não apresenta soluções para as causas do problema.
Em vista disso, surgiu a idéia de um projeto que não só contemplasse os momentos de crise, mas que apresentasse soluções permanentes, a fim de minorar a aflição das populações carentes do Nordeste. Nascia, assim, o Projeto Nordeste.


Para atingir seus objetivos, o Projeto Nordeste estabeleceu sua base inicial no Município de Irecê, em pleno sertão da Bahia. Lá, adquiriu uma propriedade com uma área aproximada de 450 hectares, que recebeu o nome de Fazenda Nova Canaã, sendo a primeira de uma série de fazendas que farão parte do Projeto.
Essas fazendas, inspiradas nos moldes dos kibutzs israelenses, são basicamente agro-indústrias, administradas e desenvolvidas por profissionais voluntários, com a reaplicação total dos lucros.
É a união da fazenda com a indústria no meio do sertão.
Além disso, em cada uma delas se estabelecerá uma área social, oferecendo amplos benefícios à população carente, especialmente crianças, além de um departamento técnico, com biblioteca, laboratórios, salas de conferência e demais facilidades necessárias ao completo estudo de uma solução específica para a região, com projetos econômicos que insiram o maior número possível de parceiros.


O objetivo do Projeto é apresentar soluções regionais para as principais causas do subdesenvolvimento da região semi-árida do Nordeste:
1. Falta de recursos hídricos
O clima semi-árido se caracteriza por ter somente um único período de chuvas por ano. Estas, porém, não atendem às necessidades da lavoura, não só pela pouca quantidade como também pelo fato de raramente coincidirem com a época exata em que as diversas culturas precisam de água.
Mesmo assim, as chuvas vão-se infiltrando pelo solo e formam os chamados lençois freáticos no subsolo.
A falta de recursos hídricos, portanto, não é caracterizada pela inexistência de água, já que esta pode ser encontrada no subsolo, mas pela falta de condições do pequeno agricultor de extrair e distribuir eficientemente essa água para sua plantação.
2. Carência tecnológica
A implantação de um sistema de irrigação é fundamental para que os produtores rurais tornem-se independentes das condições climáticas. Poucos, entretanto, são os que dispõem de recursos para implantá-lo e, ainda assim, aqueles que o fazem, utilizam métodos ultrapassados, como o sistema de pivô rotativo e o de aspersão, onde é grande o desperdício de água. A Fazenda Nova Canaã adotou o mesmo sistema de irrigação utilizado em Israel: o de gotejamento, onde cada planta recebe a quantidade exata de água de que necessita, gotejada no seu pé, com aproveitamento de 100% da água distribuída.
3. Falta de condições de armazenamento e comercialização da produção
No sertão, por causa da ocorrência de um período único de chuvas no ano, os produtores colhem juntos, numa mesma época, um mesmo tipo de produto. Isto provoca a queda do preço de toda a produção, já que a oferta é grande e a procura, nem tanto.
Surge, aí, a necessidade de estocagem da produção para que os produtores não necessitem vender tudo de uma só vez, a preços baixos.
No entanto, a falta de infra-estrutura para armanezanamento, bem como de um escritório de comercialização local, fazem com que os produtores acabem por se tornar alvo dos atravessadores, que lhes impõem o preço a ser pago pela safra.
4. Falta de assistência básica nas áreas de saúde e educação para as populações mais pobres, especialmente crianças na fase pré-escolar
Atualmente, as crianças que ainda não atingiram a idade do ensino fundamental (sete anos) são as mais prejudicadas. Na região, as escolas públicas existentes para a educação infantil não suprem a necessidade da população. Essas crianças, normalmente, ficam em casa, ajudando seus pais nas tarefas diárias, ao invés de estarem na escola.
Tardiamente,ao atingirem a idade dos 7 anos, são encaminhadas às escolas públicas, iniciando a 1ª série do 1º grau, fase essa em que suas deficiências e carências são então detectadas e, quando possível, supridas. Muitas dessas crianças chegam à 3ª série ainda com dificuldades de ler e escrever.


O Projeto teve início com a implantação de diversas fazendas no semi-árido nordestino, levando investimento e tecnologia para combater os problemas da seca.
Com a compra da Fazenda Canaã e a aquisição dos primeiros equipamentos, começou a ser construída uma verdadeira cidade, que abriga uma escola agrícola e uma convencional, o Centro Educacional Betel, atendendo inicialmente a 200 crianças carentes, entre 3 e 6 anos, das 07:00 às 16:00h, com alimentação, transporte, uniforme e assistência médico-odontológica.
A Fazenda também terá creche, clínica médica, pousada, igreja, restaurante comunitário, área de lazer e esportes, além de uma vila residencial, com 30 casas.
Para os campos agrícolas, um cuidadoso estudo podológico foi realizado por técnicos de Israel e do Brasil, bem como uma avaliação dos recursos hídricos do subsolo. Assim, surgiu um programa plurianual de plantio e o estudo de viabilidade técnica e econômica para a instalação de uma agroindústria, a qual se encontra em plena fase de desenvolvimento.
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